Desde o passado dia 11 de outubro de 2012 e até à Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, a 24 de novembro de 2013, a Igreja é chamada a viver um especial “Ano da Fé”. Desde o início do seu Pontificado, o Papa Bento XVI tem dedicado particular atenção às três virtudes teologais: dedicou as suas primeiras encíclicas à caridade e à esperança e chama agora a Igreja a viver este Ano da Fé. Nas suas palavras:
Centenário de Fátima
Centenário de Fátima
“A fé não é simples assentimento intelectual do homem a verdades particulares sobre Deus; é um gesto mediante o qual me confio livremente a um Deus que é Pai e que me ama; é adesão a um «Tu» que me dá esperança e confiança… Ter fé é encontrar este «Tu», Deus, que me sustém e me faz a promessa de um amor indestrutível, que não só aspira à eternidade, mas também a concede; é confiar-me a Deus com a atitude da criança, a qual sabe bem que todas as suas dificuldades, todos os seus problemas estão salvaguardados no «tu» da mãe. E esta possibilidade de salvação através da fé é um dom que Deus oferece a todos os homens.” (Audiência Geral de 24 de outubro de 2012)
Esta fé, enquanto relação pessoal com Deus, que Se revelou de modo definitivo em Jesus Cristo, apresenta também conteúdos específicos, que a Igreja, ao longo dos séculos, sintetizou nos chamados “símbolos da fé”: o “Credo”. Esta fé professada, é igualmente celebrada, vivida, rezada e testemunhada, como afirma o Papa na carta Apostólica “Porta Fidei”, com a qual anunciou este ano especial: “Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada, e refletir o próprio ato com que se crê, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste ano” (n. 9).
No Santuário de Fátima, a vivência deste Ano da Fé, desafia-nos a deixarmo-nos conduzir por Maria até Deus, ela que é a “mulher crente” por excelência, aquela que foi proclamada feliz porque acreditou (cf. Lc 1, 45). A Congregação para a Doutrina da Fé, na “Nota com indicações pastorais para o Ano da Fé”, sugere: “No decorrer deste Ano será útil convidar os fiéis a se dirigirem com devoção especial a Maria, figura da Igreja, que ´reúne em si e reflete os imperativos mais altos da nossa fé´. Assim pois deve-se encorajar qualquer iniciativa que ajude os fiéis a reconhecer o papel especial de Maria no mistério da salvação, a amá-la filialmente e a seguir a sua fé e as suas virtudes. A tal fim será muito conveniente organizar peregrinações, celebrações e encontros junto dos maiores Santuários” (“Indicações” – I, 3). Maria é a Mãe que sustenta a fé dos seus filhos. Santa Maria, que reina gloriosa no Céu, atua misteriosamente na terra, intercedendo por nós e mostrando-nos o caminho da verdade. Por isso, já desde tempos antigos, ela é invocada pelo povo cristão como «amparo da fé». Ela será, pois, guia segura na vivência deste Ano.
A própria mensagem de Fátima é uma “escola de fé”, como afirmou o Papa Bento XVI aos bispos portugueses em visita ad limina, em 2007: “Apraz-me pensar em Fátima como escola de fé com a Virgem Maria por Mestra; lá ergueu Ela a sua cátedra para ensinar aos pequenos videntes e depois às multidões as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar”. E em 2010, na sua memorável peregrinação a este Santuário, o Santo Padre designou Fátima como “cenáculo da fé”: “neste ideal cenáculo de fé que é Fátima, a Virgem Maria indica-nos o caminho para a nossa oblação pura e santa nas mãos do Pai”.
Este Ano da Fé acompanha todo o terceiro ano do septenário de preparação e celebração dos Aparições de Fátima. O programa do Centenário não só não nos afasta da vivência do Ano da Fé, como pretende precisamente potenciar a nossa vivência de fé, porque não pretende simplesmente evocar uma efeméride histórica, mas tornar-se veículo de evangelização e caminho para a conversão. Elaborado a partir da mensagem de Fátima, o itinerário temático do Centenário conduz-nos ao núcleo da experiência de fé cristã.
O ano pastoral de 2012-2013 é dedicado à aparição de junho. Assim, o tema deste ano, no Santuário de Fátima, é a exortação “Não tenhais medo”. A inspiração deste tema partiu da promessa de Nossa Senhora à vidente Lúcia, na segunda aparição: “O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”. Procurando motivar a atitude de confiança, optou-se pela formulação sintética “Não tenhais medo”, exortação presente na Bíblia cerca de 365 vezes, desta forma ou com expressões similares. Na vivência da fé, esta é a exortação que Deus faz continuamente aos crentes. A confiança brota, por isso, como dimensão fundamental da fé: ter fé é confiar em Deus. Quem acredita, não só confia naquele em que acredita, como acredita porque confia. E esta confiança nasce do encontro com Cristo; do encontro com Cristo por meio de Maria.
Esta exortação a não temer, a confiar, está presente desde o início dos acontecimentos de Fátima. Assim, na primeira aparição do Anjo aos pastorinhos, em 1916, o mensageiro celeste diz-lhes: “Não temais! Sou o Anjo da Paz”. E na primeira aparição de Nossa Senhora, em maio de 1917, ela começa por tranquilizá-los, dizendo: “Não tenhais medo”. Na aparição de junho, este “não temer” vem expresso numa exortação à esperança e à confiança: “Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.