As dezenas e dezenas de passagens em que aparece, na Bíblia, o Espírito de Deus nos revelam sempre uma realidade transformada:
o que não existia passa a ter vida, o que não era passa a ser, o que era silêncio passa a ser música, o que era inércia passa a ser movimento, o que era escuridão passa a ser claridade.
A presença do Espírito não descaracteriza a natureza do homem, mas a potencializa e a eleva. Não força a entrada, mas toma a iniciativa, mesmo diante de um mal esboçado primeiro passo, e faz do fraco um forte, do tímido um corajoso, do passivo um profeta, do profeta um santo.
É o Espírito que dá luz a quem nada via além das rutilantes sombras e das próprias limitações; que abre largas avenidas a quem se escondia nas trincheiras; que dá vigor e sustento a quem se julgava um nada, mas que ousou dar de seu nada, de seu medo e de sua cegueira ao Senhor de toda vida.
No Espírito se urde todo projeto de criação e comunhão, se fomentam todos os ideais, todos os gestos em favor da humanidade; se fundamentam os artistas, os cientistas, os comunicadores, os que servem os povos; se abrasam os que amam até as últimas conseqüências e na total gratuidade; se plenificam os que crêem.
E o Espírito, naquela primeira festa de Pentecostes depois da Ressurreição, impeliu os discípulos a falarem. Na língua dos anjos e de todos os homens, mulheres, jovens, crianças e idosos. De todas as raças, com todas as dores, sem nenhuma esperança, mas com um desejo que, desde sempre, brotou no coração e nas estranhas de todas as criaturas: o desejo da face de Deus.
Que neste dia de Pentecostes, não nos furtemos ao Espírito Santo, não nos escondamos de sua luz, não calemos nossa voz. Sopra o Espírito onde quer. Que este onde seja a nossa vida, o nosso coração.