Maio não é um mês qualquer, mas um tempo que, de muitas formas, nos impulsiona a algo diferente.
Em primeiro lugar, porque chegamos a maio fortalecidos pelo Tempo Pascal e nos confirmamos na esperança em Pentecostes.
O frio exterior que afinal se instala contrasta com a acolhedora figura de Maria que nos aquece em nossa condição de filhos e nos envolve a todos num espírito de família.
Maio é, pois, o tempo reservado para estarmos mais em sua companhia e, quem sabe, como Francisco de Assis, louvar a Deus na vida dessa sua serva completamente disponível e aberta à ação do Espírito.
Quer Francisco imitar Maria, em sua humildade e fé, mas sobretudo em sua intimidade amorosa e consciente com a presença de Deus. São Boaventura nos conta que ‘Seu amor à Mãe do Senhor era realmente indizível, pois nascia em seu coração ao considerar que ela havia convertido em irmão nosso próprio Rei e Senhor da glória e que por ela havíamos merecido alcançar a divina misericórdia. Em Maria, depois de Cristo, depositava toda a sua confiança’.
Maravilha-se ele da disposição interior de Maria e de seu papel a serviço da própria Redenção: ‘Santa Virgem Maria, não há mulher nascida no mundo semelhante a vós, filha e serva do altíssimo Rei e Pai celestial, Mãe de nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo’.
Mesmo não sendo teólogo, Francisco entende o lugar de Maria na história da salvação, ao afirmar que dela Cristo ‘recebeu a carne da nossa humanidade e da nossa fragilidade’. E por conta dessa mesma fragilidade, ele a ‘constituiu como advogada da Ordem’, para que ela os defendesse e os representasse junto a Deus. Sábia decisão!
Que esse também possa ser o nosso caminho e a marca de nossa filiação que, aliás, muito claramente no caso franciscano, se expressa na concretude do amor aos irmãos, especialmente os mais sofredores, os mais pobres, os menores entre os menores. E que esse tempo de frio nos impulsione a aquecer os corpos e os corações daqueles que a frieza das injustiças e das indiferenças colocaram distante do fogo que ilumina e acalora a casa do Pai.